Cultura

Pena Branca e Xavantinho

Pena Branca e Xavantinho

Por: Viola Show I Fonte: Recanto Caipira - Ribeirão Preto - SP

06/03/2014

José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca, nasceu em Igarapava-SP no dia 04 de setembro de 1939 e faleceu em São Paulo-SP, aos 70 anos, no dia 08 de fevereiro de 2010; e Ranulfo Ramiro da Silva, o Xavantinho, nasceu em Cruzeiro dos Peixotos, Distrito de Uberlândia-MG, em 26 de dezembro de 1942 e faleceu em São Paulo aos 56 anos, em 08 de outubro de 1999. Criados na Região de Uberlândia no Triângulo Mineiro, eram filhos de Dolores Maria de Jesus, (a "Coitinha" como era carinhosamente conhecida), que lavava roupa para fora, e de Francisco da Silva, que trabalhava numa pequena lavoura que possuía e também criava algumas cabeças de gado em terreno arrendado. 

Dona "Coitinha" cantava com seu Francisco que também tocava cavaquinho. Além de cantar, ela também marcava o ritmo com instrumentos de percussão que improvisava com cabaças de porongo e colheres de pau. Assim foi o primeiro contato musical dos meninos que aprenderam os primeiros acordes musicais no cavaquinho do seu Francisco, que faleceu repentinamente em 1950 quando José Ramiro e Ranulfo tinham apenas 11 e 8 anos respectivamente. 

Sendo o primogênito, Pena Branca teve que assumir a responsabilidade do sustento da família. Dona "Coitinha" continuava com as improvisações dos instrumentos musicais, tendo inclusive confeccionado uma Viola feita de cabaça de porongo e sandálias velhas, cujas tiras de couro foram cortadas em fios finíssimos e fizeram a vez das cordas! E era ela quem mais queria que os meninos tentassem uma carreira artística, já que considerava a música como sendo a libertação daquele trabalho rude e que seguia um sistema praticamente escravocrata. 

Em 1953, durante a entressafra, José Ramiro foi trabalhar em Ituiutaba-MG como carregador nos frigoríficos e armazéns. Foi nessa época que comprou sua primeira viola e formou com Zé Pretinho a dupla "Zé Miranda e João do Campo". E, quando voltava a época da safra, José Ramiro voltava prá casa e continuava o trabalho nas fazendas, onde nas horas de folga ensaiava com o irmão Ranulfo. Nesse trabalho, José Ramiro e Ranulfo não recebiam dinheiro, e sim "ordens de pagamento" ao armazém de secos e molhados da localidade. 

Melhorando com o tempo o desempenho, começaram a participar de Folias de Reis, quermesses e bailes. Eram comuns também os mutirões em finais de semana, os quais sempre acabavam numa comemoração com comida, bebida, música e dança. E os dois irmãos animavam a festa. 

Três anos depois desfez-se a parceria com Zé Pretinho. José Ramiro e Ranulfo continuavam os ensaios freqüentes, e começaram a desenvolver os estilos inspirados nas duplas caipiras da época. José Ramiro tocando uma "viola de craveia" e Ranulfo tocando um velho violão emprestado de um amigo. E já se apresentavam em clubes onde muitas vezes "os palcos eram formados por mesas reunidas". 

Em 1958, quando participaram do programa do Coronel Hipopota na Rádio Educadora de Uberlândia-MG, o locutor cismou que "José e Ranulfo" (como eles se denominavam) "não era nome de dupla". Contra a vontade dos dois irmãos, anunciou no microfone da emissora a dupla "Peroba e Jatobá". José e Ranulfo não gostaram do nome, apesar da insistência do Coronel Hipopota. Na apresentação seguinte adotaram os nomes de "Barcelo e Barcelinho". Não satisteitos, mudaram o nome para "Xavante e Xavantinho", lembrando das aulas de História na escola primária, e homenageando também o índio brasileiro. Na época, os irmãos continuavam trabalhando como carregadores, o que possibilitou a compra de novas violas. Eles se apresentavam em todos os lugares, e não recusavam nenhum convite. Ranulfo, o Xavantinho, também começou nessa época a escrever as suas primeiras letras. 
Com o sanfoneiro Pinagi formaram o "Trio Pena Branca", que em 1964 se apresentava em pequenas cidades do interior goiano. Seu estilo era influenciado diretamente por Vieira e Vieirinha, e também por Pedro Bento e Zé da Estrada, e "Serrinha e Ramón Perez". No repertório, canções típicas da zona rural mineira, polcas paraguaias, folclore boliviano e toadas mexicanas. Desfez-se mais tarde o trio, porém os irmãos "Xavante e Xavantinho" continuaram a se apresentar, e concentraram seu trabalho entre o Triângulo Mineiro e a região Centro-Oeste do Brasil. 

E, mais uma vez, tiveram que trocar de nome, pois havia aparecido um cantor de nome artístico Xavante, que formava um trio com Taquari e Otavinho e passara a exigir dinheiro para utilização do seu nome pela dupla "Xavante e Xavantinho". Desta vez então, os irmãos José e Ranulfo aproveitaram o nome do trio que haviam formado antes com Pinagi, o "Trio Pena Branca" e, a partir de então, José Ramiro passou a ser o Pena Branca, e Ranulfo, o Xavantinho, ficando a excelente dupla com o nome consagrado que chegou até nós, a despeito das descrenças do Coronel Hipopota que insistia em "Peroba e Jatobá" e afirmava também que com aquele "constante troca-troca" de nomes, a Dupla não faria sucesso, embora soubessem cantar muito bem! Aliás, o nome definitivo da dupla nasceu já na capital paulista.

E na dupla, Xavantinho tocava o violão enquanto seu irmão Pena Branca sempre foi o responsável pelo som da viola caipira.
E o destino parecia estar traçado: em 1968, Ramiro e um motorista da transportadora na qual trabalhavam tiveram que ir recuperar a carga de um caminhão que estava a caminho de São Paulo-SP e que havia caído em uma ribanceira no canal de São Simão no estado de Goiás. Ao término do trabalho, Xavantinho decidiu "pedir carona" e seguir junto com o caminhão usado no socorro, rumo à São Paulo, "apenas com a cara e a coragem" e a roupa suja de lama no corpo, sem sequer avisar previamente a família... E prometeu ao irmão Pena Branca: "Mano, um dia vou tirar você daí". 

Na Capital Bandeirante continuou trabalhando na filial da mesma transportadora, onde foi promovido a entregador de encomendas. Prosseguia com os ensaios nas horas de folga. Algum tempo depois, Pena Branca também foi para junto do irmão, chamado por ele através de uma carta, e passou a trabalhar na mesma empresa de transporte como conferente de carga. Os dois moravam na pensão da Dona Judite no bairro do Canindé. 

E começaram a se apresentar em São Paulo-SP. Em 1969, integraram o grupo de músicos do "Rei do Laço", que era um clube de divulgação da música caipira, freqüentado por figuras importantes do meio, como os famosos e respeitados Tonico e Tinoco, e também a dupla, na época iniciante, Milionário e José Rico. 

Em 1970 conquistaram o quarto lugar num festival promovido pela Rádio Cometa e foram convidados a participar da gravação de um compacto, com a música vitoriosa, "Saudade". Foi inclusive na hora de receber esse prêmio que apareceu o cantor de nome artístico Xavante, que quis inclusive "vender o nome" para José e Ranulfo que não quiseram. Subiram então no palco e anunciaram que, a partir daquele instante, eles eram "Pena Branca e Xavantinho".

Em 1975, passaram a integrar a Orquestra "Coração de Viola", em Guarulhos-SP. Inezita Barroso, num belo dia, estava ensaiando com essa orquestra e percebeu o potencial de Pena Branca e Xavantinho: "Meninos, vocês têm um grande futuro, mas vocês só acontecerão se saírem daqui". Também a dupla Coração do Brasil, Tonico e Tinoco, foi fazer um show em Barretos-SP e eles perceberam o valor de José e Ranulfo: "Queremos esses dois meninos com a gente". No mesmo ano ainda, "Pena Branca e Xavantinho" foram contratados para se apresentar na Basílica de Aparecida do Norte-SP, nos finais de semana, num coreto montado junto à ferrovia. Os shows eram produzidos por Roberto de Oliveira, irmão de Renato Teixeira. 

Em 1979, o mesmo empresário Roberto de Oliveira, da gravadora WEA, procurava talentos para integrar o projeto do Selo Rodeio, um selo específico para músicas regionais. E veio o convite para um teste de estúdio após uma apresentação da dupla em Aparecida do Norte-SP. Houve, porém um desencontro e quando chegaram ao estúdio, foram informados de que Roberto havia viajado a negócios. O funcionário que os atendeu recebeu muito negativamente a música "Que Terreiro É Esse?" (Xavantinho) e detestou mais ainda as outras músicas que eles apresentaram. Nada foi feito e o funcionário aconselhou aos dois irmãos que "...pegassem a viola e fossem prá casa ensaiar outras coisas, mudar o repertório...". 

No ano seguinte, em 1980, seguiram o conselho de Roberto de Oliveira e se increveram no Festival MPB Shell daquele ano, com a música "Que Terreiro É Esse?" (Xavantinho), a mesma que havia sido ridicularizada pelo funcionário da WEA. Na apresentação, no Maracanãzinho no Rio de Janeiro-RJ, interpretaram a música acompanhados de 16 Violeiros da Orquestra de Guarulhos-SP mais um grupo de percussionistas. A platéia acompanhou com palmas, e a música foi classificada para as finais. Durante o Festival, conheceram Renato Teixeira, Almir Sater, Diana Pequeno, e muitas outras feras da MPB com as quais criariam laços permanentes e importantíssimos. 

Roberto de Oliveira, por outro lado, ficou surpreso quando soube da recusa do funcionário da gravadora, que, de acordo com o empresário, teria sido um total descumprimento de suas orientações. E, para "reparar o incidente" o mais rápido possível, providenciou o lançamento do primeiro LP de Pena Branca e Xavantinho: "Velha Morada", incluindo a música que havia sido refugada: "Que Terreiro É Esse?" (Xavantinho). No entanto, foi outra música a que mais chamou a atenção da crítica e do meio musical: o célebre "Cio da Terra" (Chico Buarque e Milton Nascimento). 

E a iniciativa para esse casamento harmonioso partiu de Xavantinho: ele gostava do "Cio da Terra" e insistia que a música podia ser gravada em dueto, com as vozes terçadas. Para Pena Branca, foi difícil "encontrar a segunda voz", mas o resultado valeu a pena: o "casamento" foi finalmente consagrado! Renato Teixeira já havia iniciado o casamento entre a MPB urbana e a música caipira; Pena Branca e Xavantinho consagraram este casamento, seduzindo um "público da cidade grande" a um novo estilo na MPB e mostrando também ao interiorano "novos filões". Bom para ambas as partes.

E começaram os convites para programas de TV. O primeiro veio de Rolando Boldrin, que chamou os irmãos do Triângulo Mineiro para a estréia do inesquecível Programa "Som Brasil" na Rede Globo em 1981. Rolando Boldrin tinha conseguido localizar José e Ranulfo num "quarto e cozinha" em Guarulhos-SP. 

No mesmo programa, juntamente com o próprio Milton Nascimento, cantaram "Cio da Terra" (Chico Buarque e Milton Nascimento). "Naquele dia ficamos muito nervosos, mas deu pra agüentar durante a gravação, só depois, no camarim, é que a gente não agüentou a emoção e começou a chorar..."
Em 1982, gravaram o segundo disco, "Uma Dupla Brasileira", o qual foi produzido por Rolando Boldrin.
E começaram a viajar pelo Brasil, dentro do projeto "Som do Brasil". Durante este período, assimilaram também novos ritmos, incorporando-os ao seu estilo musical. 

Nesse ano cantaram junto com Milton Nascimento, no show "Trinta Anos da Anistia Internacional", em Curitiba-PR, realizado na famosa pedreira Paulo Leminski, famosíssima pela sua "acústica natural" e que reuniu vários artistas a fim de angariar fundos para a entidade. Na mesma "pedreira" também já se apresentaram outros músicos mundialmente consagrados, como por exemplo, o célebre Tenor Catalão José Carreras! 

O terceiro disco, "Cio da Terra", só veio cinco anos depois, em 1987, na Continental, e desta vez, "derrubando todas as barreiras" entre música caipira e urbana", consagrando o harmonioso casamento de estilo de nossa boa música brasileira. Gravaram Luiz Gonzaga, Lupicínio Rodrigues, Tavinho Moura e Wagner Tiso, sempre com versões inovadoras. Durante as gravações, em Belo Horizonte-MG, Milton Nascimento falou aos irmãos: "Vamos fazer Cio da Terra". E Xavantinho relembrou: 
"Eu não acreditava que o Milton ia cantar com a gente. Eu falava "ai, meu Deus do céu…". Depois eu fiquei com medo porque ele ficou de colocar a voz e nós viemos embora. Eu achava que eles iam tirar a voz; que eles iam achar alguma coisa errada e iam tirar a voz do Milton. Mas não, a coisa se multiplicou - pois daí entrou o Marcus Viana tocando, mais o pessoal do "Clube da Esquina". O Tavinho Moura entrou também, com a música "Peixinhos do Mar"… Depois essa fita veio para a Continental e saiu o disco. Esse disco é o nosso passaporte, é o nosso cavalo de batalha. Cada dia que a gente canta Cio da Terra ele brilha mais!". 

E em 1988, o LP e CD "Canto Violeiro", contou com a participação de Fagner, Tião Carreiro, Almir Sater e Oswaldinho do Acordeon. "Penas do Tiê" (Folclore com adaptação de Fagner) e "Calix Bento" (folclore adaptado por Tavinho Moura), presentes nesse CD, harmonizaram ainda mais o casamento da música urbana com a música caipira, que já havia sido celebrado com o "Cio da Terra" (Milton Nascimento e Chico Buarque). "Eu, a Viola e Deus" (Rolando Boldrin) também faz parte desse maravilhoso CD. 
O disco seguinte, "Cantadô de Mundo Afora", conquistou o prêmio Sharp de 1990 como sendo Melhor Disco, Melhor Dupla e Melhor Música ("Casa de Barro" (Xavantinho e Moniz)). 

Em 1992, novo prêmio Sharp de melhor disco, conquistaram desta vez com o CD "Ao Vivo em Tatuí", juntamente com Renato Teixeira, e que foi produzido por Mário de Aratanha e Leo Stinghen; também conquistou o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) na categoria de melhor disco. E, com este excelente trabalho, conquistariam em 1999, seu primeiro Disco de Ouro, recebido no programa Viola, Minha Viola, apresentado na TV Cultura de São Paulo-SP por Inezita Barroso. 

O CD "Violas e Canções" foi lançado em 1993, com toadas, batuques e Folias de Reis, e uma versão de "O Ciúme" (Caetano Veloso), selando mais uma vez o casamento de estilos em nossa boa música brasileira. Também estão nesse CD excelentes gravações de "Viola Quebrada" (Mário de Andrade e Ary Kerner), "Uirapuru" (Murilo Latini e Jacobina) e "Triste Berrante" (Adauto Santos). Eu, particularmente, considero esse o melhor disco lançado pela dupla do Triângulo Mineiro. E, nesse mesmo ano, a dupla também se apresentou nos Estados Unidos, realizando shows em New York, New Jersey, Pompano Beach, Miami e Boston. 

Em 1995, Pena Branca e Xavantinho gravaram na Velas o CD "Ribeirão Encheu", produzido por Tavinho Moura e Geraldo Vianna, com destaque para "Chaleira do Alto da Poeira" (Tavinho Moura e Fernando Brant), "Luar do Sertão" (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco), "No Dia Em Que Eu Vim Me Embora" (Caetano Veloso e Gilberto Gil), "Sodade Meu Bem Sodade" (Zé do Norte), "Fiquem com Deus" (Dominguinhos e Oliveira), "A Mulher e o Mar" (Jota Maranhão e Paulo César Pinheiro), "Trem das Gerais" (Xavantinho), além da faixa-título "Ribeirão Encheu" (adaptação de Tavinho Moura).

E, em 1996, gravaram também na gravadora Velas, o CD "Pingo D’Água", produção e direção musical de Kapenga Ventura, com vários sucessos tradicionais do gênero caipira raiz e também da MPB, tais como "Farra de Peão" (Almir Sater, Xavantinho e Renato Teixeira), "A Vida do Viajante" (Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil), "A Saudade Mata a Gente" (João de Barro Braguinha e Antônio Almeida), "O Trem Tá Feio" (Tavinho Moura e Murilo Antunes), "Baião da Serra Grande" (Palmeira e Fred Willians), "Romaria" (Renato Teixeira), "Poeira" (Luiz Bonan e Serafim C. Gomes), além da faixa-título "Pingo D'Água" (Raul Torres e João Pacífico). 

Em maio de 1997 conquistaram novo Prêmio Sharp na categoria Melhor Dupla Sertaneja, tendo concorrido com Chitãozinho e Xororó e João Mulato e Pardinho. O último trabalho discográfico da dupla foi o CD "Coração Matuto", lançado em 1998 pela gravadora Paradoxx, novamente produção e arranjos por Kapenga Ventura. No repertório estão "Planeta Água" (Guilherme Arantes), e também "Lambada de Serpente" (Cacaso e Djavan). E, mais uma vez a participação de Milton Nascimento, desta vez em "Morro Velho" (Milton Nascimento). A própria dupla considerava esse CD como o melhor trabalho por eles realizado. 

No entanto, Xavantinho, que havia sido internado por problemas respiratórios no Hospital Nipo-Brasileiro em São Paulo-SP, faleceu no início da tarde do dia 8 de Outubro de 1999, aos 56 anos, de insuficiência respiratória e falência múltipla dos órgãos. 
Pouco tempo depois do falecimento do Xavantinho, Pena Branca lançou pela inesquecível gravadora Kuarup dois excelentes CD's: "Semente Caipira" e "Pena Branca Canta Xavantinho": "Semente Caipira", por sinal, foi vencedor do "Grammy Latino 2001" e contou também com a participação de Inezita Barroso na terceira faixa "Marcolino" (Domínio Popular). E a sexta faixa desse CD é "Correnteza" (Antônio Carlos Jobim e Luiz Bonfá) dando continuidade ao harmonioso casamento da MPB com a música caipira raiz. 
Pena Branca se apresentou durante alguns anos juntamente com o Grupo "Viola de Nóis", formado por Tarcísio (voz e violão), Rogério Motta (violão de cordas de aço), Christiano (acordeon), Márcio Bonesso (contra-baixo), Dedé Aires e Alex Mororó (Percussão) (o mesmo Grupo Musical que antes era denominado Grupo "Mano Véio") e, com esse excelente conjunto, Pena Branca lançou o terceiro CD após o falecimento do irmão e companheiro Xavantinho. 

O CD foi gravado ao vivo no "Palco de Arte" em Uberlândia-MG em Abril de 2003. Destaque para "Triste Berrante" (Adauto Santos), "Janela da Fazenda" (Pena Branca) e "Cantiga do Arco-Íris" (Xavantinho e Arlindo Moniz), além de mais nove excelentes interpretações já consagradas pelo Pena Branca e pelo falecido Xavantinho. 

Pena Branca também gravou em 2006 o CD "Sertão Violeiro", junto com o Grupo "Viola de Nóis", produzido por Tarcísio Manuvéi, Rogério Mota e Alex Mororó, gravado pela Bequadro Áudio, com destaque para belíssimas interpretações de "Menina Flor" (adaptação: Josino Medina e Pereira da Viola), "Janela da Fazenda" (Pena Branca), "Aboio" (Pedro Elói e Heleno Álvares), "Veleiro da Saudade" (Pena Branca), "Tempos Atrás" (Sérgio Pena), além da belíssima faixa-título "Sertão Violeiro" (Pena Branca e Tarcísio Manuvéi).

E, em 2008, Pena Branca gravou o seu último CD, intitulado "Cantar Caipira", num maravilhoso trabalho, o qual deixou satisfeito o "Mano Véio" Pena Branca, pois ele conseguiu fazer a seleção musical "do jeito que gostava", sem interferência da mídia nem dos proprietários e produtores da gravadora. Trabalho maravilhoso, sem dúvida, que "fechou com chave de ouro" a maravilhosa produção da dupla Pena Branca e Xavantinho. Destaque para "Minha Viola Quebrou" (Aleixinho e Pena Branca), "Janela da Fazenda" (Pena Branca), "Casinha de Palha" (Godofredo Guedes), "Senzala" (Pena Branca), "Onze Horas" (Meire Parce e Pena Branca), "Nuvem de Cambraia" (Pena Branca), "Veleiro da Saudade" (Pena Branca), "Dança do Bugio" (Pena Branca), na qual Pena Branca homenageou o Gaúcho da Fronteira, além de uma belíssima regravação de "Cuitelinho" (Recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó), na íntegra com as quatro estrofes, e também outra belíssima regravação de "Jardim da Fantasia" (Paulinho Pedra Azul).

"Cantar Caipira", foi o derradeiro trabalho dos Irmãos do Triângulo Mineiro, pois o "Mano Véio" Pena Branca, por ironia do destino, "partiu para o Andar de Cima" quando contava apenas 70 anos de idade, no início da noite de 08/02/2010, após sofrer um infarto em sua residência no bairro paulistano do Jaçanã. 

Tendo passado mal em sua casa, Pena Branca foi conduzido às pressas pela esposa Maria de Lourdes e por sua vizinha para o Pronto-Socorro do São Luiz Gonzaga (PS Jaçanã), onde faleceu às 18:10 hs. 

Para Pena Branca, que nunca havia apresentado nenhum sinal de problemas no coração, esse dia havia transcorrido dentro da normalidade em sua casa, onde ele tinha inclusive tocado algumas músicas em sua viola. Foi um enfarte fulminante que levou o "Mano Véio" Pena Branca ao reencontro com seu saudoso irmão Xavantinho... 
Seu corpo foi sepultado no Cemitério Parque dos Pinheiros, próximo à Rodovia Fernão Dias.

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