Renato Miura e sua paixão pelo rodeio

Já cantava Nalva Aguiar: “....Cowboys desafiam a morte a cada momento, mais Nossa Senhora está sempre em seu pensamento. Fivela dourada, camisa bordada, firmeza em sua mão, se abre a porteira e os oito segundos parecem uma imensidão...”O sistema de som anunciava através da voz do locutor: “Boiadeiro que vem agora é Renato Barbosa, ele vem da cidade bonita de Icém”. Quem vê Renato, não imagina tantos caminhos ele, hoje sentado em uma cadeira de rodas, já percorreu atrás de sonhos, realizações, vitórias. Por trás de um olhar calmo, de uma simpatia sem tamanho, existe um homem de coragem. Coragem para enfrentar um destino que nunca imaginou que poderia viver.A vontade de montar em touro surgiu ainda menino, quando ele tinha apenas 12 anos. Renato trabalhava em um Haras e conheceu amigos que montavam em touro. O sonho de vencer na vida montando em touro bravo ficou forte.Tomou gosto logo nas primeiras montarias e decidiu que era o que queria fazer para o resto da vida. Como não tinha dinheiro para comprar os equipamentos obrigatórios do esporte, trabalhou por três anos em paralelo até juntar a quantia necessária. Feito isso, partiu atrás dos seus sonhos, trabalhou em várias em companhias de rodeio, como a J.C, do Juninho de Oswaldo Cruz, a Galo de Ouro, do Betão Filito, até chegar a tão sonhada e famosa Cia Paulo Emílio.O encarregado pela boiada do Paulo Emílio, Paulo Mulato, viu Renato e achou que o então garoto levava jeito para o trabalho e para a montaria. Fez o convite para que ele começasse a trabalhar na Companhia. A Cia Paulo Emílio, além da fama, é respeitada e tem os melhores touros de rodeio.O sonho do cowboy, nascido em Icém, estava tornando-se realidade. E dessa etapa em diante, foram seis anos montando em boi.Até que no dia 8 de agosto de 2008, em Promissão, SP, Renato teve seu sonho interrompido. Após uma montaria, caiu de ponta cabeça no chão, quebrou a quinta vértebra da coluna e perdeu todos os movimentos do corpo.O competidor foi imediatamente socorrido, passou por uma cirurgia, onde colocou uma placa e quatro parafusos. O acidente poderia ter enterrado uma vida de sonhos e realizações. Mas Renato é determinado e de muita coragem. Com ajuda do empresário Paulo Emílio, dono da Cia Paulo Emílio, ele foi encaminhado para uma clínica de reabilitação em Belo Horizonte, MG. “Lá eu pude ver que existiam pessoas com problemas mais graves que o meu, agradeci a Deus por estar vivo”, disse.Foram 45 dias na clínica, tempos de reabilitação e aprendizado. “Eu tinha que aprender a viver de novo, aprender a viver sentado em uma cadeira de rodas. Coloquei a cabeça no lugar, eu estava vivo, poderia fazer tudo, claro que com limites, mais eu estava vivo e não podia reclamar. Tinha que agradecer pela oportunidade que Deus me deu de viver.”Quando Renato voltou para Icém, o programa favorito dele era assistir as transmissões dos rodeios da PBR pela internet. Foi ai que surgiu uma ideia: ‘por que não fazer o mesmo aqui no Brasil, transmitir via internet alguns rodeios?’Cabeça no lugar, reaprendendo a descobrir a vida, ele voltou para o rodeio. Mas voltou do outro lado do brete, acompanhando e passando para as pessoas tudo que estava acontecendo dentro da arena. Depois que colocou em prática, virou uma febre nas redes sociais. Hoje Renato tem milhares de fãs do esporte, que o acompanham para saber tudo que está acontecendo no rodeio. Ele faz uma transmissão através do seu Twitter @RenatoMiura e conta tudo: quem caiu, a nota mais alta, todas as notas, momento de fé, abertura e encerramento, dos rodeios que vai, tudo através da internet.Para que os sonhos aconteçam, basta sonhar e ir atrás, os limites na vida somos nós que colocamos!!!!!!!