Cultura

Luar do sertão

Luar do sertão

Por: Viola Show - Ribeirão Preto - SP

29/05/2014

Luar do Sertão é uma toada brasileira de grande popularidade. Seus versos simples e ingênuos elogiam a vida no sertão, especialmente o luar. Catulo da Paixão Cearensedefendeu em toda a sua vida que era seu autor único, mas hoje em dia se dá crédito da melodia a João Pernambuco (1883-1947). É uma das músicas brasileiras mais gravadas de todos os tempos.

O tema pode ter origem no coco É do Maitá ou Meu Engenho é do Humaitá, de autor anônimo. Este coco integrava o repertório de João Pernambuco e teria sido por ele transmitido a Catulo, como tantos outros temas. Ao menos, isso é o que se deduz dos depoimentos de personalidades como Heitor Villa-Lobos, Mozart de Araújo, Sílvio Salema eBenjamin de Oliveira, publicados por Henrique Foréis Domingues no livro No tempo de Noel Rosa.
Homem simples, sequer alfabetizado, João Pernambuco, a certa altura de sua vida, queixava-se de ter sido vítima de plágio, por parte de Catulo, quanto à autoria desta modinha. Segundo Mozart Bicalho, Catulo "disse uma vez que o Luar do sertão era uma melodia nortista, mais ou menos pertencente ao domínio folclórico". O próprio Catulo, em entrevista a Joel Silveira, declarou: "Compus o Luar do Sertão ouvindo uma melodia antiga (...) cujo estribilho era assim: 'É do Maitá! É do Maitá'". O historiador Ary Vasconcelos, em Panorama da música popular brasileira na belle époque, diz que teve a oportunidade de ouvir Luperce Miranda tocar ao bandolim duas versões do É do Maitá: a original e "outra modificada por João Pernambuco", esta realmente muito parecida com Luar do sertão".Leandro Carvalho, estudioso da obra de João Pernambuco e organizador do CD João Pernambuco - O Poeta do Violão (1997), declarou: "Por onde João andava, Catulo estava atrás, anotando tudo; foi o que aconteceu com Luar do Sertão: Catulo ouviu, mudou a letra e disse que era sua".

Luar do SertãoComposição de Catulo da Paixão Cearense e João PernambucoAi que saudade do luar da minha terraLá na serra branquejando, folhas secas pelo chãoEste luar cá da cidade tão escuroNão tem aquela saudade do luar lá do sertãoNão há, oh gente, oh não,Luar como este do sertão!Não há, oh gente, oh não,Luar como este do sertão!Se a lua nasce por detrás da verde mataMais parece um sol de prata prateando a solidãoA gente pega na viola que ponteiaE a canção é a lua cheia a nos nascer no coraçãoNão há, oh gente, oh não,Luar como este do sertão!Não há, oh gente, oh não,Luar como este do sertão!Coisa mais bela neste mundo não existeDo que ouvir-se um galo triste, no sertão, se faz luarParece até que a alma da lua é que descantaEscondida na garganta desse galo a soluçarNão há, oh gente, oh não,Luar como este do sertão!Não há, oh gente, oh não,Luar como este do sertão!Ai, quem me dera que eu morresse lá na serraAbraçado à minha terra e dormindo de uma vezSer enterrado numa grota pequeninaOnde à tarde a sururina chora a sua viuvez


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