O Peão de Fazenda
O Peão de Fazenda
Por: Viola Show - Ribeirão Preto - SP
31/05/2014
Assim como a vida estradeira dos peões de comitiva determinou um tipo de comida, a vida nas fazendas também contribuiu para a culinária de minha região. O peão de fazenda - seja domador de burro xucro, tratador de animal ou retireiro de leite - trabalha a uma distância que permite a ele voltar para casa na hora das refeições. Mesmo os que não voltam para o almoço têm a bóia quentinha trazida até o local de trabalho, geralmente por um filho ou pela mulher. Na janta, é certeza estarem em casa. dessa rotina nasceram pratos bem diferentes da comida de peão de boiadeiro. Feita por homem, a comida da comitiva é rústica, forte, sem melindres. Na fazenda a cozinha é comandada por uma ou mais mulheres. A comida é mais suave, perfumada com temperos frescos, arrematada com doce e queijos. Feita sem pressa, no fogão a lenha, com produtos frescos e perecíveis: leite de curral, frágeis ovos, carne tenra de poedeiras, carne de porco, o frango caipira de carne firme e saborosa, verduras e frutas colhidas na hora, da horta e do pomar preciosas fontes de vitaminas.Uma vez ou outra, quando o ponto de pouso era próximo e a generosidade do fazendeiro permitia, os peões de comitiva desfrutavam das regalias dessas cozinhas acolhedoras.Essa hospitalidade era mais frequente entre pequenos fazendeiros e sitiantes, talvez porque nas grandes fazendas, com grandes rebanhos, o fantasma da febre aftosa que acompanhava a culatra fosse maior do que a vontade de ajudar. Quando acontecia da comitiva ser recebida para comer, os peões saiam do cardápio rotineiro e saboreavam a comida feita com banha de porco, experimentavam das tachadas de compotas de frutas, tomavam café acompanhado das quitandas saídas do forno, seu aroma chegava na casa toda.As mulheres na cozinha, suando ao calor do fogo, competiam na esfrega das panelas, com crostas de fuligem que as barrelas não conseguiam evitar. Limpas, motivo de orgulho, eram postas para secar em giraizinhos ao sol para "alumiar". Os peões ficavam por perto, ouvindo as tagarelice das mulheres ralhando com as crianças, tentando dar um rumo a suas alminhas falsamente pequenas.
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