Violeira Rose Abrão
Violeira Rose Abrão: Conheça a história
Por: Viola Show | Fonte: Os Independentes - Ribeirão Preto - SP
20/06/2014
O festival Violeira Rose Abrão completou em 2013, 30 anos. Trata-se do mais antigo e importante festival de música raiz que se tem notícia.
Ela é conhecida em todo Brasil por manter em sua essência a tradição e a cultura sertaneja, além de revelar novos talentos da música raiz. Entre os importantes nomes que já passaram pelo festival estão: Rionegro & Solimões, Zé Henrique & Gabriel, Durval & Davi, Zé do Cedro & João do Pinho, Gedeão da Viola, Edmauro e Edivaldo (Violeiros da Amazônia), Itamaracá, entre outros.
Para a Violeira "Rose Abrão" são inscritas anualmente em média 250 canções, todas enviadas para a Comissão Organizadora que avalia a qualidade e a originalidade das composições que obrigatoriamente são inéditas.
No concurso é obrigatória a apresentação com uma viola de 10 cordas, para manter a tradição e as raízes da genuína música sertaneja. Como tema, grande parte das canções falam Festa do Peão de Boiadeiro, seu estilo de vida, suas vestimentas e costumes estradeiros. Embora o tema seja livre, as canções buscam a cada nova edição, manter suas bases, com palavras e vocabulários usados tão somente entre pessoas que vivem a verdadeira música raiz.
Histórico da Violeira
A "Violeira" inicialmente era realizada nos bairros da cidade de Barretos, reunindo violeiros de todos os cantos. A partir do ano de 1993, a "Violeira" passou a levar o nome de "Rose Abrão", perpetuando assim como patrono de um dos principais festivais do país, um dos maiores amigos dos violeiros de todas as regiões do Brasil.
Gaze Abrão, seu verdadeiro nome, comerciante de cereais e amante da música raiz, nasceu no dia 30 de março de 1.936, no Ibitú, distrito de Barretos. Foi casado com Dona Elza por 34 anos e sempre morou na Avenida 47, 1.126, esquina da Rua 28, quando no ano de 1.984 mudou-se para a Rua 30, 118, esquina da Avenida 47, onde existe até hoje o famoso "Sobrado da Alegria", quartel general dos violeiros, segundo o compositor João Pacífico, jurado de honra da "Violeira", no livro de assinaturas dos violeiros que por lá passaram.
O "Sobrado da Alegria" foi palco de muitas amizades, encontros musicais, letras e músicas que fluíam a todo instante como as notas em uma partitura. Era inevitável ponto de pouso dos admiradores da boa música raiz. Por lá passaram os maiores nomes da música raiz nacional; Tião Carreiro e Pardinho, Almir Sater, Antonio Borba, Pena Branca e Xavantinho, Suzamar, Ronaldo Viola e João Carvalho, César e Paulinho, Mocóca e Paraíso, Carreirinho, Amarai, Dino Franco e Morai, Sula Mazurega, Dalvan, Adalto Santos, João Pacífico e tantos outros.
Chamado de "padrinho dos violeiros", apelido dado por Tião Carreiro, "tio Rose" faleceu no dia 29 de janeiro de 1.993. A primeira e segunda "Violeira" foram coordenadas pelo saudoso Alaor de Ávila, e da terceira até os dias de hoje, o festival é coordenado por Wilson Garcia (Bezerrão).
Através dos Tempos
Inezita Barroso (Marvada Pinga), Almir Sater (Chalana), Renato Teixeira (Romaria), Rolando Boldrin (Vide Vida Marvada), Cascatinha e Inhana (Índia), Belmonte e Amaraí (Entre Lágrimas), Luizinho e Limeira (Menino da Porteira), Tião Carreiro e Pardinho (Pagode em Brasília), João Pacífico (Cabocla Tereza), Lourival dos Santos (Saudade de Minha Terra), Pena Branca e Xavantinho (Cio da Terra). Esses nomes mostram até hoje o valor, a importância da música raiz no contexto musical brasileiro dentro dos tempos e é isso que a "Violeira" vem preservando nesses vinte e sete anos de edição.
Músicas que participaram da Violeira e foram gravadas:
- Puro Sangue: Hélio Soares - (Solito/Soares)
- Aconchego da Saudade: Domiciano / Rio Negro - (Rio Negro e Solimões)
- 25 de Agosto: José Luiz da Silva - (Chico Junqueira)
- Estrada Morada de Peão: Jorge L. Abrão / Sérgio dos Reis - (N. Branca / Céu Azul)
- Tributo a Zé Feição: Ademar B. dos Santos - (Itamaracá / Yone Rodrigues)
- Peão Caminhoneiro: Ademar B. dos Santos - (Itamaracá / Yone Rodrigues)
- Cavalo Mecânico: Ademar B. dso Santos - (Itamaracá / Zé Nilton)
- Peão: Domiciano / Rio Negro - (Cristian / Ralf)
- Poeira da Saudade: Domiciano - (Cassio / Cacildo)
- A Viola e a Saudade: Goiano - (Goiano / Paranaense)
- Ermo de Mundo: Atayde Gil - (Nardo / Nardinho)
- Cidade do Pecuarista: Mário Oliveira - (Netinho Scavaccini)
- Ponte de Safena: José C. Rodrigues - (Gedeão da Viola / Sidney)
- Desabafo Sertanejo: Sebastião L. F. de Camargo / Milton Ap. Marquetti (Wilson/Mineirinho)
- A Última Boiada: Aguinaldo N. de Lima - (Solito/João da Serra/Clemente)
- Viola e Saudade: Atayde Gil/Campos Sales - (Sales/Suleiman/Santarelli)
- Mudou Pra Melhor: Alceu Bigatto - (Irmãos Moreno)
- Rodeio Sem Fronteiras: Edmauro José de Lima - (Violeiros da Amazônia)
- A Volta do Menino da Porteira: Joaquim Luiz de Oliveira - (Cidão Carreiro/Joãozinho)
- A Grande Festa: José Claudio de Souza - (Claudio e Claudinho)
- Pouso de Boiadeiro: Devair Pena da Silva - (Zé Norato/Jamair)
- Recordando Barretos: Aparecido de Souza - (Carlos Souza/Carreteiro)
- A Coisa Está Esquisita: Cássio / Domiciano - (Cássio e Cacildo)
- O Ultimo Troféu: (Ivo de Souza e Janguinho)
Glossário
- 1ª Voz: agúda e básica
- 2ª Voz: grave, duetando com a 1ª voz (enfeitando)
- Dupla: combinação de harmonia das duas vozes
- Pagode: ritmo de samba sertanejo criado por Tião Carreiro
- Violão: instrumento de 6 cordas presente em todos gêneros musicais
- Viola: instrumento de 10 cordas usado basicamente na música raiz
- Rasqueado: ritmo originário da música paraguaia
- Música Sertaneja: música tradicional caipira, hoje modernizada pelas duplas com produções mirabolantes, ferindo muitas vezes nossas tradições.
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