Cultura

Violeiro da Semana: Cacique e Paje

Violeiro da Semana: Cacique e Paj

Por: Dani - Viola Show | Fonte: Recanto Caipira - Ribeirão Preto - SP

23/03/2016

Antônio Borges de Alvarenga, o Cacique, filho de Francisco Borges de Alvarenga e Joana Geraldina de Oliveira, nasceu em uma tribo às margens do Rio Vermelho, no município de Rondonópolis, no estado de Mato Grosso, em 25 de março de 1935, e Roque Pereira Paiva, o Pajé, filho de Antônio Pereira Paiva e Cecília Verdoot, nasceu na mesma tribo em 22 de agosto de 1936 e faleceu em São Paulo/SP em 05 de março de 1994.

Cacique e Pajé nasceram na tribo às margens do Rio Vermelho, no município de Rondonópolis, mas devido a uma epidemia de febre amarela, foram entregues pelo padre a dois boiadeiros que passavam por aquela região. Eles foram na comitiva levando a boiada e trouxeram os dois. Cacique foi adotado por Francisco Borges de Alvarenga e o Pajé por Antônio Verduti Paiva. O Pajé recebeu o nome de Roque Pereira Paiva. Cacique foi registrado em Monte Aprazível/SP, e Pajé em Bofete/SP, e regulavam a idade, eram da mesma tribo mas não eram irmãos. Lá tinha os Bororó e os Caiapó. 

Antônio e Roque desenvolveram atividades artísticas e utilizaram diversos outros pseudônimos antes de formar a dupla Cacique e Pajé. 

Antônio adotou de início o nome artístico de Peixoto e fez com João Rodrigues, a dupla "Peixoto e Peixinho". Gravaram na gravadora Centenário um compacto duplo no qual continha a música "Violeiro Franco". Em seguida, adotou o nome de Rei do Gado e formou dupla com Peão Campeiro. A dupla "Peão Campeiro e Rei do Gado" lançou um LP em 1970 pela gravadora Califórnia, destacando-se a música "Arrependida". 

Em 1971, Antônio Borges gravou com João Antônio um LP pela Fermata. Pouco tempo depois, mudou seu nome artístico para Ferreirinha e fez dupla com João Ferreira a dupla "João Ferreira e Ferreirinha". 

Em 1977, reassumiu o nome artístico de Rei do Gado, juntou-se finalmente a Roque Pereira, que adotou o nome de Boiadeiro. E, com o pseudônimo de "Índios Caiapó", gravaram um LP pela Sonora. Era a dupla "Rei do Gado e Boiadeiro - Os Índios Caiapó". 
Em 1978 conheceram a dupla Tonico e Tinoco, e por sugestão de Tonico adotaram o nome de "Cacique e Pajé, e gravaram naquela ocasião um LP pela Chantecler, com destaque para "Pescador e Catireiro". 

Em 1979 participaram juntamente com Sérgio Reis e a Orquestra de Violeiros de Osasco do histórico show promovido por Tonico e Tinoco no Teatro Municipal de São Paulo/SP.

Cacique ficou sabendo que ele era realmente filho do cacique da Tribo Caiapó, enquanto que seu avô paterno havia sido um pajé (curandeiro) na mesma tribo. 

Em 1979, fizeram sucesso com "Caçando e Pescando" e "Deixa o Índio em Paz". Na década de 80, lançaram mais 5 LPs, destacando-se "Viola no Samba", "Poemas das Cordas", "Resto de Comida", "Cadê o Gato" e "As Flores e os Animais". 
Em 1983, participaram do LP de Taiguara "Canções de Amor e Liberdade" interpretando com ele "Voz do Leste" (Taiguara).
Em 1985, quando lançaram o 8º LP, Pajé foi vítima de um derrame que o obrigou a se afastar da dupla. 

Seguiu-se um período de três anos no qual as apresentações continuavam, no entanto, Pajé apenas dublava e mal conseguia cumprimentar o público. Cacique também era ajudado pelo Rocha da dupla "Rocha e Umuarama", pelo Zé Matão e também pelo Odilon (o mesmo que já formou dupla com Tião do Carro), nas apresentações em que o Pajé não tinha condições de se apresentar. 
Em 1993, Cacique também passou mal, com problemas cardíacos e necessitou de cirurgia. Seguiu-se um periódo de extremas dificuldades, em que ambos os integrantes da dupla foram ajudados pelos irmãos de sangue (que integravam a dupla "Caiuê e Caiapó"), os quais chegaram a interpretar Cacique e Pajé, já que Cacique chegou a praticamente perder a voz. 

Além de "Caiuê e Caiapó", Odilon e Zé Matão também dublavam Cacique e Pajé nas apresentações da dupla. E, nesse período, diversos "Pajés" também cantaram ao lado de Cacique, dentre eles, Luiz Mariano, Zé Nobre e Pedrinho Tamim, até que Roque Pereira Paiva, o Pajezinho, como é carinhosamente chamado pelo Cacique, veio a falecer tragicamente, no ano de 1994, após ter perdido a voz, sofrido dois derrames, além de ter tido braço e perna direitos amputados. Pajézinho deixou a esposa com oito filhos. 

Cacique, desiludido, tinha a informação médica de que não mais voltaria a cantar. Nessa ocasião, Cachoêra (José Pereira de Souza), que era músico do estúdio, também deu uma força e cantou algum tempo no lugar do Pajé, tendo inclusive gravado dois discos. 
Cachoêra substituiu o Pajé na dupla, que prosseguiu com o mesmo nome e lançou novo LP pelo selo Disco de Ouro, com destaque para "Barretos Não Faz Feio". 

Pajezinho é quem arranjava os "Pajé" para Cacique. Ele ouvia e indicava. Mas, depois que ele morreu, ele ficou com o Cachoêra. O "Pajé" atual ele já conhecia, por ser meio primo seu. 

Geraldo Aparecido da Silva, filho da índia Joana Dias Barbosa, nasceu em Itapuí, no interior do estado de São Paulo, às margens do Rio Tietê, no dia 29 de julho de 1943. Passou a ser o Pajé a partir do ano de 1997. 

Geraldo já havia feito dupla com João Goiano e integrou também o "Trio Andorinha". E foi numa apresentação desse trio que nasceu a nova dupla Cacique e Pajé, como a conhecemos nos dias atuais. 

Antônio Borges e Geraldo Aparecido, a nova dupla "Cacique e Pajé" gravaram então um CD contendo somente Modas de Viola. E foram mais 6 CD's e diversos shows que vieram depois. 

Antônio Borges e Geraldo Aparecido mantém-se em plena atividade com o nome "Cacique e Pajé".

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