Mulheres contam como driblam vida nos rodeios com maridos peões
Diariamente elas lidam com ciúmes, preocupação e saudades da famÃlia. 'É um desafio, mas se gostar, tem que acompanhar', diz companheira.
Por: Viola Show l Fonte: G1 - Ribeirão Preto - SP
26/08/2013
Vida de peão não é fácil. Treino pesado, destinos diferentes, rotina longe de casa, perigo na arena. Assim como o dia a dia do competidor, o cotidiano das mulheres que acompanham os cowboys também não é nada simples.O G1 entrevistou as mulheres de três competidores do Rodeio Internacional de Barretos (SP) para saber como elas reagem à s cantadas que os maridos levam, aos sustos dos acidentes durante as provas e à ausência dos familiares entre um rodeio e outro. Flávia Regina de Oliveira, de Campinorte (GO), Sabrina Cardoso Cerri, de Rio Claro (SP) e Giovana Sanches Macarin, de MarÃlia (SP), falaram sobre as dificuldades de dividir a vida entre o amado e as montarias.Obstáculo 1: Ciúmes
Elas admitem: onde tem rodeio, tem “Maria breteira†para rondar o peão. Para as mulheres dos competidores, no entanto, o respeito e a confiança falam mais alto. “De dez mulheres em cima do brete, pode contar que oito são breteiras. A gente tem que ter respeito um com o outro. Meu marido não dando a entender que está fazendo alguma coisa, a gente passa bem. Ele sabe a mulher que temâ€, diz Flávia.Para Sabrina, a confiança é essencial na vida da mulher de peão. “Todo lugar hoje em dia tem mulher em cima. Mas a gente tem uma confiança mútua, tanto eu, que fico em casa à s vezes, quanto ele, que vem competir. É o foco no que ele gosta de fazerâ€, afirma.Giovana conta que acha até curioso o assédio. “Acho até bonita essa admiração pela figura do peão de boiadeiro. Eu, sinceramente, não me incomodo tanto com isso. A gente vem focado nas provas. Claro que a gente se diverte, vê shows, mas esse tipo de ciúmes não precisa ter. Eu confio bastante no meu tacoâ€, diz.Obstáculo 2: PreocupaçãoMontar no touro é um desafio diário para o peão. Paras as mulheres, o perigo do esporte é sinônimo de angústia a cada prova. “O dia que me deu mais desespero foi quando ele levou uma chifrada na perna. Cortou, passou a um centÃmetro da aorta dele. Mas a gente tem muita fé em Deus. Quando acordo, a primeira coisa que eu peço é que Deus olhe por ele e o abençoe, porque o esporte dele é muito perigoso. Em um segundo ele pode perder a vida na arena. Tenho plena consciência disso. Mas a fé não tem nem tamanhoâ€, afirma Flávia.Giovana diz que precisa se segurar para não passar mal quando o amado se machuca na arena. “Quase morro do coração. No último rodeio que estávamos juntos ele caiu e perdeu o ar. Ficou sem respirar. Eu estava longe dele, quase que saà pulando a grade no meio do povo. Mas a gente tem que se segurar e ter pensamento positivo sempre. Ele está fazendo o que sabeâ€, conta.Já Sabrina acredita que a oração ajuda a acalmar o frio na barriga a cada vez que o marido vai para o rodeio. “A gente tem que entregar na mão de Deus. A gente não consegue tirá-lo desse esporte, que para ele é uma paixão. Só a fé para confortar. A gente não pode fazer nada. Nem eles, porque mesmo se dedicando muito ao esporte, quem manda é o animalâ€, diz.Obstáculo 3: Saudade
Deixar a famÃlia para se aventurar pelos rodeios do Brasil talvez seja o maior desafio para as mulheres de peão. Além da saudade dos familiares que ficaram para trás nas cidades de origem de cada uma, ainda é preciso conviver com a ausência de um lar para chamar de seu durante as andanças.“Quando ele viaja a saudade é grande. Nossos dois filhos [uma menina de 9 anos e um menino de 14] sentem muita falta, ficam preocupados. Toda vez que ele vai a gente ora por ele. Não é fácil. É um desafio. E quando eu viajo com ele vejo que os competidores não comem direito, não têm lugar para descansar quando chegam. Acho que precisava ter mais cuidado com o peão, afinal são atletas de um esporte muito perigoso, o que deixa a gente ainda mais ansiosa e inseguraâ€, explica Sabrina.Além do "perrengue" da vida em campings e em casas de amigos nas cidades em que o marido compete, Flávia sofre por mais um motivo: teve que deixar o filho com a mãe dela para poder seguir o peão. “Eu tenho um filho que fica com minha mãe no Tocantins. Ele tem 11 anos. Só os vejo em época de férias. A gente se fala todos os dias por telefone, mas dá aquele aperto no coração. Mãe e filho é a coisa mais importante que a gente temâ€, desabafa.Giovana diz que não é só ela quem sente falta dos familiares. “Toda a famÃlia dele queria estar aqui em Barretos, mas fica meio difÃcil porque é caro. Ele também gostaria que todos estivessem perto aqui. É justamente nessas horas que a mulher do peão o conforta. Se tem uma palavra que nos descreve, essa palavra é companheira. É um desafio, mas se você gostar, tem que acompanharâ€, conclui.
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