Mais uma grande vitória para Luiz Carlos Moreira

Detentor de inúmeros títulos nacionais e internacionais na modalidade Bareback, dentre eles tetracampeão Top Team Cup, Luiz Carlos Moreira (São Paulo/SP) comoveu a todos em junho passado quando sofreu um sério acidente montando num rodeio americano, buscando a meta de chegar a mais uma final de temporada nos EUA. Mas a seriedade do acidente não abateu o atleta, que teve sua mais importante vitória: a vida. No Brasil desde meados de setembro, Luizão está recuperado e faz questão de agradecer a todos que fizeram orações e uma forte corrente positiva para o seu restabelecimento.

Comprovando ser um verdadeiro campeão, Luiz Carlos Moreira pode considerar que teve sua mais importante vitória este ano. Competindo no Brasil e Estados Unidos simultaneamente, Luizão sempre fez sua programação de rodeios conciliando as etapas nos dois países. E assim foi, pela segunda vez no ano para os EUA, onde chegou dia 19 de junho com planos de participar de sete rodeios. Estava acostumado a viajar sozinho, pois a programação que faz é mais intensa do que a dos americanos, tentando participar do maior número de rodeios possível. Só que desta vez, foi convidado pelo competidor Mark Kreder Jr. para viajarem juntos. Luizão aceitou o convite do amigo de apenas 18 anos, filho de um juiz de rodeio e, no terceiro rodeio que participaram na viagem, em Cassiville, o acidente aconteceu. Era dia 22 de junho, e Luizão foi direto para o hospital onde ficou 16 dias em coma, 32 internado e mais 36 dias numa clínica de reabilitação. Com uma recuperação incrível, Luizão retornou ao Brasil no dia 19 de setembro.

Apesar de não se lembrar do acidente ou de sua estada no Hospital, Luizão encantou a todos pela perseverança na sua recuperação. Sobre o acidente não lembra de nada, nem do início do dia, antes de ir para o rodeio. Como um amigo fez a filmagem de tudo, quando viu o vídeo, achou a queda do cavalo um acidente comum.

“O cavalo caiu, levantou e continuou pulando. Já vi muita queda pior, sem consequência alguma. Infelizmente, eu bati muito forte com a cabeça no chão que é muito duro. Já aconteceu outras vezes comigo, de o animal cair e voltar a pular, mas, dessa vez foi diferente. Bati a cabeça em um lugar que não poderia ter batido e ali eu fiquei inconsciente. Quando eu acordei do coma, eu não imaginava a gravidade. Depois de uns 20 dias que eu acordei, quando já estava na clínica, comecei a dar conta da gravidade do acidente, principalmente quando eu conversava com os médicos e terapeutas”, conta Luizão.

Por ter sofrido traumatismo craniano, a reabilitação de Luizão foi complexa. Assim que teve alta do hospital, decidiu continuar nos Estados Unidos, junto à família, para fazer tudo necessário e ficou em uma clínica que tem 100 anos de existência, atendendo pessoas de todas as localidades dos Estados Unidos. “Eles têm um projeto chamado Árvore da Esperança (Tree of Hope), onde homenageiam os pacientes que mostram determinação, vontade e coragem durante toda a reabilitação, gravando seu nome em uma folha dourada, na árvore que está logo na entrada da clínica. Serve como exemplo de esperança para todos e eu fui homenageado. Foi muito importante para mim este ato, pois foi um reconhecimento do meu esforço e dedicação. Segundo os próprios terapeutas são poucos os pacientes que recebem a homenagem”, conta.Após ter alta da clínica de reabilitação, Luizão ainda precisava passar por alguns médicos, ser liberado para viajar de avião e então voltar para o Brasil. Aproveitou o período nos EUA para agradecer o apoio que recebeu das famílias americanas e amigos do rodeio. “Antes de ir embora, houve uma etapa da PBR na cidade onde eu estava, em Springfield. Então, eu aproveitei para rever os amigos brasileiros e principalmente para dar um abraço no Guilherme Marchi, que mesmo estando de férias no Brasil quando sofri o acidente, se colocou a disposição para ajudar no que fosse preciso. Também lá encontrei o Emílio Resende, e foi interessante, pois a primeira coisa que ele me perguntou foi se eu lembrava dele, dai citei um fato ocorrido com ele no rodeio que participamos juntos na África, há mais de quatro anos”.

E, no Brasil a reabilitação do atleta continua por mais um período ainda, até a recuperação total. Segundo Luizão, ele ainda não está 100% fisicamente, mas acredita que está no caminho. “Os médicos dizem que estou tendo uma recuperação fantástica. Vamos esperar”.

O presidente Top Team Cup, José Uilson Freire, e o diretor da ProHorse Rodeo, Leandro Baldissera, estiveram juntos visitando Luizão em sua casa na capital paulista. Logo que viram sua recuperação, já o convidaram para atuar no campeonato como juiz das modalidades Sela Americana e Bareback, ou mesmo como comentarista de rodeio.

“As duas atividades me agradam, mas antes preciso estar 100%. Não adianta eu fazer só por fazer. Quando fizer algo tem que ser muito bem feito. Se for a hora de eu julgar, quero ir para os Estados Unidos fazer um curso de juiz. Já como comentarista, apesar de ter muito a aprender, tive a experiência de comentar a NFR por vários anos no canal ESPN. Vamos ver...”, disse.

Através das redes sociais, principalmente o Facebook, Luizão pode ver toda movimentação de fãs e amigos durante o período que esteve hospitalizado. Através de mensagens, orações, correntes positivas, foi enorme a manifestação dos fãs brasileiros e internacionais, pois amigos do México, Canadá e Estados Unidos também acompanhavam tudo via internet.

Luizão chegou até ficar surpreso e muito emocionado. “Queria poder agradecer um por um pelo carinho, pelas orações e todo apoio dado. Não imaginava que eu tinha tantos fãs em tantos lugares diferentes. Quero agradecer todos que me apoiaram, sem exceção. E quero também agradecer a preocupação do meu amigo-irmão Leandro Baldissera, que está comigo desde o começo da carreira e sabe da luta que é chegar onde chegamos. Sabe como é sair em busca de um sonho e ficar longe da família, longe de tudo. Fomos juntos para os Estados Unidos muitas vezes, desde o começo e ele sabe que não é fácil”.

Ressaltando que aprendeu muito com tudo que aconteceu, principalmente, como a família é importante nos momentos difíceis, Luizão afirma que, por mais que lute para atingir um objetivo na vida, seja no esporte ou na vida pessoal, não se pode esquecer nunca de equilibrar o tempo com a família. “Sei que com o tempo, vou aprender muitas coisas com esse acontecimento. Graças a Deus eu tive uma segunda chance na vida”.

Sobre os projetos futuros e se volta ou não montar, Luizão não demonstrou tanta certeza no que vai fazer, deixando no ar sua volta para o rodeio: “hoje, eu digo que não. Não sei ainda minhas metas daqui para a frente, é muito cedo para dizer”.

Agora nos resta aguardar e agradecer, pois a felicidade de tê-lo de volta é imensa!