Diário de Bordo: “Cavaleiro da Américas” conta a história dos cavalos que acompanham sua jornada

Atravessar as Américas à cavalo não é uma tarefa fácil nem para o cavaleiro, nem para os cavalos. Filipe Leite, o Cavaleiro das Américas que saiu de Calgary, no Canadá, em 2012, e pretende chegar ao Brasil durante o primeiro final de semana da 59ª Festa do Peão de Barretos, realizada entre os dias 21 e 31 de agosto, conta abaixo as aventuras e desventuras dos seus companheiros de viagem: Frenchie, Bruiser e Dude. â€œEstou viajando com três cavalos, dois da raça quarto de milha, o Frenchie (10 anos) e o Bruiser (6 anos) e um mustang, o Dude (9 anos). O Frenchie foi doado pelo Stan Weaver Quarter Horses e o Bruiser, pelo Copper Spring Ranch, ambos de Montana. Já o Dude foi um presente do Taos Pueblo, uma comunidade indígena no Novo México por onde passei.Um cavalo pode andar muito em um dia! É um animal com uma força impressionante, mas como meus cavalos cavalgam de 4 a 5 dias por semana, tenho que andar até às 15h para que eles possam descansar bem até o outro dia. Andamos em média 30 Km por dia. O máximo que conseguimos foi 60 km dentro do Yellowstone National Park, em Wyoming. Foi um dia muito difícil para os cavalos e para mim, pois andamos das 7h da manhã até meia-noite. Não podíamos parar até chegar a um rio para os cavalos tomarem água.A alimentação dos animais é basicamente pasto, que comem pelo caminho e em ranchos que nos fornecem estadia. Quando paramos para descansar por mais tempo, aproveito para dar ração a eles. Quando vejo que os animais estão cansados é hora de parar e esperar eles recuperarem. Neste sentido, a América Central foi bem difícil, porque o pasto é ruim e o calor insuportável.Quando os três cavalos estão bem, eu monto em um, levo a carga em outro e, o terceiro, caminha sem peso no lombo. Depois de dois dias revezo a carga e o cavalo escolhido para a montaria.Ambos os cavalos quarto de milha chegaram em Calgary apenas sete dias antes desta grande jornada. Passei de 12 a 14 horasm, todos os dias, trabalhando com eles para que aprendessem a levar a carga, caminhar calmos um atrás do outro, principalmente com carros e caminhões passando ao lado deles.O Frenchie ficou sete anos em um pasto sem ninguém montar antes de chegar à Calgary, por isso foi muito difícil ganhar sua confiança! Ele quebrou meu dedo e quase me matou nos primeiros dias, mas ele é muito forte! Até o dia da saída ele aprendeu a confiar em mim. Já o Bruiser ajudou bastante neste processo também! Apesar de ser o cavalo mais novo, ele é o mais inteligente da jornada.Acredito que os cavalos são os grandes heróis desta viagem! Quando eles chegarem ao Brasil, estamos programando para que eles não trabalhem mais. Com a ajuda de Os Independentes, vão viver uma vida de rei com muito pasto, ração e água fresca! Frenchie, Bruiser e Dude vão entrar para historia não só no Brasil mais pelo mundo todo!É muito, muito, muito difícil viajar com três cavalos. É como viajar com três crianças. Tenho que conseguir água, comida, um lugar seguro para eles dormirem todos os dias! No deserto, em florestas, montanhas, não importa onde estamos, tenho que conseguir o básico para meus animais. Também tenho que viajar com medicamentos e entender sobre veterinária, porque atravesso muitos lugares sem pessoas ou telefone. Se acontecer algo com um deles, esta vida fica em minhas mãos.Esses companheiros de jornada atualmente são meus melhores amigos, minha família, meus filhos! Eu amo eles mais que tudo e a coisa mais importante para mim é chegar a Barretos com os três gordos e felizes! Tenho muito respeito e admiração por cada um deles.”