Martha tem a missão de expandir o alcance da PBR
Martha tem a missão de expandir o alcance da PBR
Por: Viola Show I Fonte: Rodeio Magazine - Ribeirão Preto - SP
10/09/2015
Ela não foi rainha do rodeio nem disputou prova dos três tambores. Nunca subiu em um touro nem é narradora da festa. Mas é a voz mais forte das arenas brasileiras. Aos 58 anos, Martha Serra Negra Cajado controla as rédeas das montarias em touro nacionais. É diretora-presidente no Brasil da Professional Bull Riders (PBR), principal organizadora da competição no país. Esqueça a simplicidade do campo. Os eventos organizados pela empresa americana vão muito além da cultura sertaneja. São verdadeiros palcos de negócios, que movimentam milhões de dólares anualmente com peões que faturam milhões e touros que custam centenas de milhares de reais.
A principal missão de Martha é expandir o alcance da empresa e aumentar ainda mais esse faturamento. O primeiro passo é fazer com que as montarias de oito segundos sejam, de fato, reconhecidas como esporte e ganhem evidência na mídia.NegócioA PBR não informa dados financeiros nacional e internacional. Mas os cifras movimentadas são bem altas. Apenas em premiações aos competidores são distribuídos R$ 54 milhões em todo o mundo. Sozinha, a festa de Barretos movimenta R$ 200 milhões. A PBR, no entanto, não organiza o rodeio e tudo que o envolve. Cuida da montaria em touros.MetasA montaria em touros é reconhecida como um esporte, segundo lei federal. Mas para a maior parte das pessoas não passa de entretenimento. Mudar esse rótulo é um dos objetivos da PBR. "Queremos consolidação como uma liga esportiva e entrar na mídia. Uma de nossas metas é ter transmissões em canal esportivo de televisão."Nesse ano, foi fechada parceria com o canal Rural, que vai transmitir etapas da temporada. Nos Estados Unidos, o campeonato mundial é transmitido pelo canal CBS, tanto na TV aberta quanto na fechada.A CEOMartha é formada em administração, com especialização em marketing, desenvolvimento de negócios, gestão integrada e mídias (esse último em Harvard). O maior desafio dela era colocar todo esse conhecimento teórico em prática em um mundo ao qual não estava acostumada. Nascida e criada em São Paulo, ela havia estado em poucos rodeios. Conhecia o básico das montarias."Trabalhei no grupo Bandeirantes por dez anos, então tinha algum contato, mesmo que distante, com o rodeio. Tinha ido apenas em pequenos eventos e a Barretos." Chegou à PBR em julho de 2014, para assumir o cargo de diretora-presidente, ou CEO. Um ano e um mês depois, já fala com segurança sobre treinamentos, regras e até dieta e estilos de pulo dos touros.MulheresMartha é exceção em um ambiente dominado pelos homens - dos donos dos touros aos peões, passando pelos locutores, juízes e salva-vidas. De todos os países em que a PBR já está consolidada, o único que mantém uma mulher no comando é o Brasil. Não vê desvantagem ou problema nisso."Lido com esse tipo de situação desde que comecei a trabalhar. Imagina como era o mercado décadas atrás, quando a mulher era sempre secretária e nunca executiva. Eu já estive em muitas reuniões em que era a única mulher na sala em meio a muitos homens. Já estou habituada. Mas aqui no Interior essa cultura é mais forte ainda, o comando é completamente masculino."Viagens dominam rotinaCasada há 35 anos e com dois filhos, Martha tem rotina corrida. Mora em São Paulo com a família, mas tem sempre de vir a Rio Preto. É que o escritório nacional da empresa fica na cidade. "Os americanos perguntaram sobre a Capital, mas não faria o menor sentido ter a sede lá. Rio Preto é uma central para ir a vários outros estados e regiões onde fazemos as etapas. Além de ser reconhecida pelos atletas e criadores. É a região mais tradicional do rodeio, junto com Barretos."A PBR realiza etapas em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. E Martha está presente em quase todas. "É muita estrada. Quando não tem evento, viajamos para visitar os organizadores e acertar detalhes das próximas etapas."A PBRA Professional Bull Riders nasceu em 1992, nos Estados Unidos. É a principal liga de montaria em touros do mundo, com campeonatos ou etapas em sete países. Reúne mais de mil competidores internacionais. No Brasil, a liga chegou em 2006.Os brasileiros se destacam: venceram nove dos 22 campeonatos mundiais (três vezes com Adriano Moraes e Silvano Alves e uma com Ednei Caminhas, Guilherme Marchi e Renato Nunes). Neste ano, entre os dez primeiros competidores, cinco são do Brasil. A final é disputada em Las Vegas, em mega evento.No Brasil, a final do campeonato da PBR ocorreu no dia 23, em Barretos. Luciano Henrique de Castro, de Guzolândia, foi o campeão. A nova temporada já começou na semana retrasada. São 20 etapas ao todo.AtletasNessa forma profissional de ver o rodeio, os peões são chamados de atletas e os touros, atletas de peso. E os competidores fazem por merecer esse título. Ao contrário dos peões mais antigos, os modernos frequentam academia, fazem acompanhamento nutricional e físico e até atividades curiosas para a profissão, como pilates."Não é uma exigência nossa, mas eles sabem que precisam ter um condicionamento físico muito bom para poder parar os oito segundos em cima do touro."AnimaisAlém dos peões, os touros recebem tratamento de atletas. Alimentação balanceada e cuidados específicos para melhorar o rendimento nas montarias. Nenhum desses cuidados envolve qualquer tipo de maus tratos, garante Martha. "É uma imagem errônea que foi criada. O homem do campo tem amor pelo animal, não submeteria um touro a algo que o machucasse. Para garantir que tudo seja feito de maneira correta, levamos a nossa equipe em cada etapa."
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