O 'Cavaleiro das Américas' traça novo trajeto até o fim do mundo

"Você imagina, sair numa viagem de 16 mil quilômetros a cavalo? como é que você dá o primeiro passo? Porque aí está o medo, né?"Foi o que ele fez! O jornalista Filipe Masetti Leite, também conhecido como o 'Cavaleiro das Américas', saiu do Canadá no dia 8 de julho de 2012 e veio para o Brasil. Tudo isso a cavalo! Ou melhor, três cavalos. Foram 803 dias (dois anos e três meses), 10 países, até chegar em Barretos em 2014, onde foi recebido em uma grande recepção na Festa do Peão.A paixão por aventura vem de família. Quando era pequeno, seu pai, Iso Leite, lia um livro que contava a história de um suíço que foi da Argentina aos Estados Unidos com dois cavalos. Filipe acabou superando-o, já que percorreu mais quilômetros e foi com três cavalos.Encontros SelvagensDurante o percurso pelos diferentes cenários e paisagens, Filipe se deparou com animais de todos os tipos. Mas o encontro mais assustador foi com um urso-grizzly, que cruzou seu caminho inesperadamente. "Os cavalos salvaram minha vida, eles cheiraram o urso antes de eu poder ver, a gente que é brasileiro nunca viu um urso na vida", conta.Em famíliaQuando estava no México, o pai de Filipe foi ao seu encontro e o acompanhou durante três meses. Eles passaram oito dias sem ver nenhuma cidade, percorrendo o deserto na fronteira com os EUA. "A gente sozinho, no meio do deserto com os cavalos, então é uma aventura que poucas pessoas vão viver ao lado de seu pai, é uma coisa muito especial", diz.Sua mãe também quis viver um trecho ao lado do filho. "Não basta ser mãe, tem que participar", afirma Cláudia Leite, recitando o ditado. Ela encontrou o Filipe na Nicarágua. "Eu fui para ficar uma semana, daí eu andei um dia e quase morri", relembra rindo.
LiçõesSegundo Filipe, viajar pelas Américas a cavalo permite ao viajante conhecer um lado do continente que poucos conhecem. Ele pôde conhecer muita gente pelo caminho que o recebeu como se fosse da família.Um episódio marcou sua vida: "na Nicarágua teve uma família que não tinha nada? eu ficando com eles? eles tinham uma galinha, que estavam guardando para o Natal, e eles mataram essa galinha para me dar de comer aquela noite", relembra emocionado. "Então uma das lições que eu aprendi na viagem, é a bondade das pessoas".Outra experiência marcante foi quando conheceu um senhor no Colorado (EUA), que pediu para o Filipe levar as cinzas da irmã durante a viagem. Ele conta o que o senhor pediu: "ele falou 'a minha irmã era apaixonada por cavalo e por aventura e ela morreu faz dois meses, e se ela estivesse viva hoje ela iria com você nessa viagem'", relata. "Eu passei a acreditar que o destino não era ela vir comigo, mas eu levar ela comigo, ela foi como uma anjo-da-guarda".Sua mãe mostra o resultado da viagem: "a gente sentiu que ele saiu do Canadá um menino e chegou aqui um homem".Livro de memóriasFilipe está lançando um livro para contar sua história. Com sua primeira versão lançada em inglês na Europa, "Long Ride Home" será depois traduzido para o português. O objetivo do cavaleiro é motivar crianças e adultos a correr atrás de seus sonhos. "Não é só para quem gosta de cavalo, é para quem tem um sonho", afirma.Próxima aventuraFilipe já está com data marcada para a próxima aventura. No dia 01 de abril, ele vai sair em direção à Patagônia argentina, mais conhecida como o 'Fim do Mundo'. Serão oito mil quilômetros e quatro países. Mas dessa vez ele irá acompanhado de dois jornalistas.A viagem tem como objetivo ajudar o Hospital de Câncer de Barretos (SP). Tudo que vender ao longo do caminho, como botas e selas, terá um percentual para a instituição.O projeto tem também sua esfera educativa na área da saúde, com o objetivo de ensinar mais sobre o tratamento do câncer."Acho que vai ser uma viagem inesquecível? outra, né? Se você realmente quiser chegar lá com seu coração, com sua alma, ninguém te para!", afirma o 'Cavaleiro das Américas'.