Esportes

Paciente se prepara para prova dos Três Tambores no Rodeio de Barretos

Paciente se prepara para prova dos Três Tambores no Rodeio de Barretos

Por: Dani - Viola Show | Fonte: Hospital de Câncer de Barretos - Ribeirão Preto - SP

23/08/2016

Todas as vezes que a estudante do Ensino Médio, Tarciana Alencar, de 15 anos, entra no Hospital de Câncer de Barretos, um filme de parte da sua história passa pela cabeça. Em 2013, ela chegou à instituição com um tumor ósseo já em estágio avançado e precisou de amputação. Mas isso não a desanimou e a levou a conquistar novos desafios."Cada hora que eu entro aqui na unidade infantojuvenil do Hospital eu vejo um filme de tudo. Eu vejo a minha superação. Vejo todos os amigos que fiz. Lembro da força que fiz e que as pessoas fizeram muito para eu ser feliz e ficar bem durante todo o tratamento, mesmo com tantos problemas", contou.A adolescente era fã de futebol e jogava muita bola nos campeonatos da escola onde estudava. Porém, em um dos jogos ela acabou quebrando a perna esquerda e foi para o Hospital. Muitas dores, tratamentos e não conseguiam descobrir o que ela tinha. Tarciana morava em Mâncio Limo, cidade no interior do Estado do Acre, que faz fronteira com o Peru, e para ter atendimento médico de qualidade teve que ir com a família para a cidade de Cruzeiro do Sul, a segunda maior do Acre."Ficamos dois meses e meio tentando médicos e mais médicos. Ela tinha quebrado o fêmur e estava com muita dor. Em Cruzeiro do Sul, conseguimos consulta com um oncologista que foi fazer plantão na cidade. Ele nos disse que se quiséssemos salvar a vida da Tarci, teríamos que ir a Barretos", afirmou a mãe da jovem, Marliz Costa Silva.Tratamento
Aos 12 anos de idade, Tarciana e a mãe viajaram cerca de 5 mil quilômetros até o Hospital de Câncer de Barretos. Ao chegar à unidade infantojuvenil, a paciente recebeu a notícia de que precisaria de uma amputação para começar o tratamento.Segundo a médica oncologista pediátrica, Érica Boldrini, o tumor era muito grande e estava causando dores, sofrimento e limitação de mobilidade. "Não tínhamos muito mais o que ser feito além da amputação para poder realizar o tratamento da melhor forma."Para a família foi uma mudança de vida. "Foi muito difícil, mas eu queria vê-la bem. Mudamos tudo. Ficamos somente eu e ela aqui em Barretos. Mas o Hospital fez com que nos sentíssemos acolhidos, não parecia nem Hospital. A gente passava o dia aqui, ela deitava no meu colo e ficava dormindo. Na situação em que a Tarci chegou ao Hospital aconteceu o melhor pra ela. Aliviou a dor da minha filha. Aqui agora é a minha segunda casa, com certeza", falou Marliz.Como ainda era muito jovem, Tarciana não entendia direito o que tudo significava. "Foi dolorido. Meu cabelo caiu. Mas tive um acolhimento para que tudo fosse feito da melhor forma possível e mais leve", disse.Porém, meses depois de ter iniciado o tratamento, os médicos descobriram novos nódulos no pulmão da adolescente e ela precisaria passar por cirurgia novamente. "Só sendo muito especial e muito forte para passar por tudo isso. Foram três anos de tratamento. Sempre dá um frio na barriga quando ela volta ao Hospital. Agora ela faz acompanhamento de seis em seis meses. Fazemos todos os exames para acompanhamento do corpo todo e também a parte psicossocial e espiritual", relatou a médica.Superação
Tarciana foi criada em um sítio e sempre teve paixão pelos animais e a vida no campo. Graças à ajuda da voluntária do Hospital Carolina Vilela, que a incentivou e a levou para conhecer a competição dos três tambores, a vida da adolescente mudou completamente. "Ela me apresentou a Monique, uma amiga dela, que também é competidora e virou minha treinadora. Isso me serviu como força pra viver e fazer todos os dias o que eu quero. Fazer o que eu posso para ser feliz e ir em busca dos meus sonhos", afirmou a menina.Apenas quatro meses depois de ter iniciado o treinamento, a jovem amazona teve uma conquista ainda maior: o campeonato brasileiro de três tambores para paratletas no rodeio de Avaré em julho deste ano. "Eu montei a categoria com mais duas amigas. Achei que fosse ser só uma apresentação, mas no fim era uma competição e eu venci", contou.E para quem acha que as realizações da garota acabam por ai, está bem enganado. Nesta sexta-feira (19/08), Tarciana e a égua Flicka vão competir na maior arena de rodeios da América Latina, em Barretos. "O cavalo é as minhas pernas, em cima dele eu consigo fazer de tudo, eu não tenho deficiência alguma. Até hoje minha treinadora pega no meu pé para eu não me machucar e fazer tudo certinho. Eu sou uma campeã, tenho certeza. Estou fazendo tudo isso por mim, para me superar mais a cada dia."A adolescente, fã da dupla Fernando & Sorocaba ainda tem mais o sonho: o de se tornar cantora. "Não pode desistir do seu sonho e do amor. Tem que ter determinação e foco para continuar. Tudo que se faz com o amor dá certo. O câncer tem cura, as pessoas não devem se desesperar, tem que se sentir bem e lutar", declarou.Para a mãe, a filha a ensina todos os dias algo muito valioso: a vida. "Tenho muito orgulho dela. Todos os dias nas minhas orações eu coloco ela. Ela é uma pessoa especial, cheia de garra e de vontade. Não espera, ela vai atrás e faz as coisas acontecerem."

Publicidade