Os bois de laço estão se tornando atletas?
Os bovinos utilizados nas competições de laço podem estar próximos de receberem um manejo semelhante ao já praticado nos cavalos de alto desempenho
Por: Viola Show I Fonte: Cavalus - Ribeirão Preto - SP
13/06/2019
É claro que por se tratar de espécies totalmente diferentes e com funções distintas a forma como os cavalos são criados, treinados e manejados não são as mesmas dos bovinos. Mas com a evolução das modalidades de laço e a preocupação constante com o bem-estar animal, a qualidade desses animais juntamente com a maneira como são cuidados, certamente vem progredindo para uma melhora significativa.Em todos os esportes equestres em que existe a participação de bovinos, não somente nas variadas modalidades de laço, mas também nos demais esportes como apartação, vaquejada, working cow horse, team penning e ranch sorting, a qualidade técnica da tropa, o elevado nível dos competidores e as excelentes condições de infraestrutura das pistas são alguns pontos que fazem com que a boiada utilizada tenda fortemente a acompanhar essa evolução.Avaliações do animal quanto à maneira de correr, velocidade desempenhada, resistência durante as passadas, forma de reação após a laçada e estrutura física são utilizadas frequentemente por proprietários de boiada e organizadores de eventos; atividade essa que auxilia na qualidade e rendimento das provas, além de beneficiar os competidores, sendo imprescindível para o desempenho da prática esportiva. Entre tanto, essas avaliações não incluem os padrões zootécnicos dos animais.Hoje no Brasil as modalidades de laço em dupla e laço individual ainda não conseguem manter uma completa padronização do rebanho em termos de escore de condição corporal, estrutura, características raciais e morfológicas. Mas, sem dúvida, a busca por esse padrão já vem acontecendo.No laço em dupla, ao selecionar animais com chifres e sem chifres, vamos tendo uma divisão racial notória, onde é comum ter animais das raças Holandesa, Jersey ou mestiça dessas duas raças, apresentando chifres. E no gado mocho, uma predominância de animais das raças Girolando, Gir, Nelore ou anelorados e mestiços dessas raças.Além disso, alguns pecuaristas já começam a investir em biotecnologias da reprodução, como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) para introduzirem material genético de raças de origem americana no rebanho brasileiro com o intuito de conseguir uma maior padronização do gado de chifres. É o caso dos bovinos da raça Texas Longhorn.Já no laço individual, dificilmente vemos provas com um gado totalmente padronizado; a variância de peso, estrutura e a diversidade racial, que na sua grande maioria é composta por animais sem raça definida ou mestiços de diversas raças leiteiras, são fatores sempre presentes.Mas, de certa, forma também vem ocorrendo uma forte tentativa de buscar a padronização do rebanho com a utilização de animais Nelores ou anelorados. Quando não, até mesmo animais oriundos de cruzamento industrial, onde são utilizadas raças zebuínas, comumente o próprio Nelore com raças europeias como, por exemplo, Braford e Hereford para obter esses bezerros.Fato é que essa busca por um gado de maior qualidade, com melhores características e que consiga acompanhar o alto nível da tropa vem acontecendo mesmo que de maneira lenta, e com isso a exigência dos próprios animais quanto a manejo, alimentação, adaptação e cuidados também são maiores.Com base nessa premissa e juntamente com as atuais práticas de bem-estar animal é que o esporte caminha para estabelecer tratativas de atletas para os bovinos participantes das modalidades de laço. A exemplo do que já acontece com os touros de rodeio e do que vem acontecendo com os bois de vaquejada.Maiores cuidados com a alimentação, busca por padronização do rebanho, treinamento específico para a modalidade, implantação de biotecnologias da reprodução, uso e desenvolvimento de protetores e seleção dos melhores animais, são fortes indícios de que os bovinos participantes das modalidades de laço tendem a ser tratados e considerados como atletas. Afinal, por mais que os cavalos sejam as estrelas da festa, sem os bois o show não acontece!
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