Eventos

'Entrar na arena de Barretos sempre foi sonho', diz Cavaleiro das Américas

'Entrar na arena de Barretos sempre foi sonho', diz Cavaleiro das Américas

Por: Viola Show | Fonte: G1 - Ribeirão Preto - SP

05/08/2014

Filipe Masetti Leite cavalgou 16 mil quilômetros do Canadá ao Brasil.
Aventureiro chegará a Barretos, SP, no dia 23 de agosto, durante rodeio.

Quando entrar no Parque do Peão em Barretos (SP), no dia 23 de agosto, o brasileiro Filipe Masetti Leite, de 27 anos, terá cavalgado quase 16 mil quilômetros por dez países. A aventura, que começou em 8 de julho de 2012, em Calgary, no Canadá, deu ao rapaz o título de Cavaleiro das Américas. A chegada ao maior rodeio da América Latina vai, segundo ele, coroar o desafio de pouco mais de dois anos. "Entrar naquela arena sempre foi um sonho para mim", disse em entrevista ao G1, já no Brasil.

Durante toda a viagem, Filipe teve a companhia de três cavalos, que se revezavam todos os dias na cavalgada. Os companheiros de jornada foram doados, mas a relação dele com os animais sempre foi forte. "Não sabia nem andar e já estava em cima do cavalo, porque meu pai sempre gostou muito", contou. A relação está até no nome, já que Filipe significa "amigo dos cavalos" em grego.A vontade de cruzar as Américas em cima de um cavalo é um sonho de infância do brasileiro, inspirada na história do aventureiro Aime Tschifelly, que em 1952 cavalgou da Argentina aos EUA durante um ano e meio. "Meu pai lia o livro com a história dele, então fiquei a vida inteira sonhando com isso, então quando saí do Canadá para fazer essa viagem eu já tinha visualizado tudo. Quando me diziam que eu tinha coragem eu dizia que não, que o que eu tinha era vontade", afirmou.Aliada a essa vontade, estava sua outra vocação. Formado em jornalismo em uma universidade do Canadá, onde vive desde os 10 anos, quis contar essa história em tempo real, com vídeos e fotos, e ainda fazer um documentário e um livro sobre a história.
Nos Andes, Filipe registra encontro com outros
brasileiros aventureiros que filmavam documentário
(Foto: Arquivo pessoal)

A rota seguida por ele foi definida pensando na comodidade dos cavalos e nos entraves que poderiam surgir no percurso. "É muito complicado passar de um país para o outro com os animais, tem muita burocracia e outros problemas. Não pude entrar na Colômbia nem na Venezuela, por exemplo, porque tem uma gripe equina lá que mata e não iam deixar os cavalos entrar no Brasil. Mas foi a linha mais reta possível para chegar no Brasil", explicou o cavaleiro.Apesar dos cuidados em traçar o roteiro de cavalgada, muitos imprevistos apareceram no meio do caminho, mas nenhum foi suficiente para fazê-lo pensar em por fim à aventura. No sul do México, um de seus companheiros foi atropelado por um caminhão na estrada. As noções de veterinária, que mantinha do convívio com os animais na fazenda do pai, ajudaram a superar o problema, além de contar com o auxílio de um profissional.Na Nicarágua, o único cavalo selvagem que mantinha na sua pequena tropa caiu em um mata-burro, mas a aproximação que mantinha com o animal evitou que o bicho quebrasse a pata. "Ele ficou nervoso, ficou enroscando e forçando para sair, pensei que fosse quebrar a pata, mas o acalmei e ele ficou no meu colo, até conseguir sair", relatou. "Nunca pensei em desistir porque quando começo uma coisa eu termino, ainda mais porque tinha a responsabilidade sobre os cavalos e eu que escolhi essa vida para eles".
Companheiros de Filipe na jornada descansam na Bolívia (Foto: Arquivo pessoal)

O trato que Filipe tem com os animais é comparado por ele mesmo como cuidado que um pai tem com o filho. "Passamos por lugares muito complicados, enfrentamos uma das maiores secas dos Estados Unidos, às vezes amarrava os cavalos sem ter água, mas sempre coloquei a saúde deles antes da minha, eu dava água para eles, antes de tomar, dava comida para eles antes de comer, cuidei muito para conseguir chegar no Brasil com os mesmos cavalos desde o início da viagem", disse.O final da aventura será em setembro, quando chegar a sua cidade natal, Espírito Santo do Pinhal (SP). Lá os animais serão aposentados e passarão a viver na fazenda da família de Filipe. O mesmo destino terá ele, que decidiu não voltar para o Canadá. "Venho de vez, para ficar no Brasil", afirmou. No país, cuidará da finalização do projeto como cavaleiro das Américas e deve lançar o documentário e o livro sobre sua aventura pelo continente até janeiro de 2015.
Filipe passa pelo Texas, nos Estados Unidos, com os fieis companheiros de viagem (Foto: Arquivo pessoal)

Publicidade