Música

'Música foi feita para divertir', afirma Chitãozinho sobre 'sertanejo funk'

Cantor elogiou nova geração de músicos.Novo trabalho com Xororó traz reinvenção da dupla, afirma sertanejo.

Por: Viola Show l Fonte: G1 - Ribeirão Preto - SP

29/06/2013

Em 42 anos de carreira, a dupla Chitãozinho e Xororó viu uma música ligada a tradições rurais dar espaço a paixões de balada e ostentação de carrões. Mas José de Lima Sobrinho, o Chitãozinho, encara positivamente as mudanças que os mais novos incluíram no mundo do sertanejo, como a mistura com o funk e com o arrocha.
“É uma nova geração que está cantando. A tentativa é boa. Se falar a linguagem do povo, isso que todo o artista busca, para um cara jovem que está começando acho bacana. (...) Música foi feita para divertir”, afirmou o cantor.Ainda assim, a tradicional música sertaneja que entoava de "Cabocla Tereza” e “Chico Mineiro” a "Menino da Porteira", segundo ele, não vai acabar, apesar das mudanças de comportamento do público e dos músicos. “Com o tempo as pessoas vão descobrindo, isso vai ficar. O trabalho do Tião Carreiro e Pardinho, por exemplo, é um legado maravilhoso. Alguém vai redescobrir”, diz, elogiando ainda duplas mais recentes como João Carreiro e Capataz.Novo CD
A levada do novo trabalho de Chitãozinho e Xororó, que poderá ser conferida em CD e DVD com lançamento previsto para julho, demonstra que a própria dupla também tenta se reinventar. Com quatro faixas inéditas e releituras de sucessos como “Evidências”, o 36º disco da carreira foi produzido por Fernando Zorzanello, da dupla Fernando e Sorocaba. “O som do disco tem uma sonoridade mais pop. É diferente dos últimos lançamentos. A gente achou por bem dar uma rejuvenescida nos arranjos, dar um som mais atual às canções antigas.”Seguindo a regra da mudança, ele e Xororó também fizeram questão da interagir com artistas mais jovens. Além do produtor, o novo disco traz participações do rapper Cabal e do grupo DexterZ, de Júnior Lima. Experiência cheia de aprendizados, segundo o cantor paranaense. “O Fernando com a criatividade dele acabou produzindo o disco inteiro. A gente procurou trabalhar com esse pessoal que tem uma nova informação. Queremos participar dessa nova linguagem, o mundo está assim, não adianta lutar contra essa realidade”, diz o cantor, que anteriormente já havia protagonizado encontros inusitados como com a banda gaúcha Fresno.
Apesar disso, o paranaense garante que a essência da dupla continua a mesma que a notabilizou em todo o país com a inclusão da guitarra elétrica e do banjo no gênero musical nos anos 1970. “A gente sempre gostou de ousar, mas nada disso atinge o nosso jeito de cantar. A gente sempre evolui no arranjo, mas nada afeta a formação da dupla, a nossa vocalização”, afirma Chitãozinho.Música e internet
Se a linguagem pode mudar, o meio de se difundir música também deve evoluir, na concepção do sertanejo. Ícone de um período em que os artistas eram reconhecidos por elevadas vendas de discos, Chitãozinho sustenta a ideia de que não há volta com relação à comercialização de música via internet. “Essa é uma nova luz no mercado fonográfico e acho que o futuro será isso, não faremos mais CDs, faremos mídia digital para o pessoal baixar”, diz o cantor, que com Xororó acumula a marca de 37 milhões de cópias de discos vendidas.

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